Mostrar mensagens com a etiqueta conto. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta conto. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A Princesa e a Ervilha

Vamos passar a ter um dia por semana dedicado à Literatura Tradicional, Portuguesa ou não. Hoje apresento-vos um conto de Hans Christian Andersen. Espero que gostem!


Era uma vez um príncipe que queria casar com uma princesa — mas tinha de ser uma princesa verdadeira. Por isso, foi viajar pelo mundo fora para encontrar uma, mas havia sempre qualquer coisa que não estava certa. Viu muitas princesas, mas nunca tinha a certeza de serem genuínas havia sempre qualquer coisa, isto ou aquilo, que não parecia estar como devia ser. Por fim, regressou a casa, muito abatido, porque queria uma princesa verdadeira.
Uma noite houve uma terrível tempestade; os trovões ribombavam, os raios rasgavam o céu e a chuva caía em torrentes — era apavorante. No meio disso tudo, alguém bateu à porta e o velho rei foi abrir.
Deparou com uma princesa. Mas, meu Deus!, o estado em que ela estava! A água escorria-lhe pelos cabelos e pela roupa e saía pelas biqueiras e pela parte de trás dos sapatos. No entanto, ela afirmou que era uma princesa de verdade.
— Bem, já vamos ver isso — pensou a velha rainha. Não disse uma palavra, mas foi ao quarto de hóspedes, desmanchou a cama toda e pôs uma pequena ervilha no colchão. Depois empilhou mais vinte colchões e vinte cobertores por cima. A princesa iria dormir nessa cama.
De manhã, perguntaram-lhe se tinha dormido bem.
— Oh, pessimamente! Não preguei olho toda a noite! Só Deus sabe o que havia na cama, mas senti uma coisa dura que me encheu de nódoas negras. Foi horrível.
Então ficaram com a certeza de terem encontrado uma princesa verdadeira, pois ela tinha sentido a ervilha através de vinte colchões e vinte cobertores. Só uma princesa verdadeira podia ser tão sensível.
Então o príncipe casou com ela; não precisava de procurar mais. A ervilha foi para o museu; podem ir lá vê-la, se é que ninguém a tirou.
Aqui têm uma bela história!


Conclusão Pessoal: um pormenor faz toda a diferença!

sábado, 18 de outubro de 2008

O valor de educar

Nas minhas aulas do mestrado de ensino, uma das professoras deu-nos este texto para trabalharmos. Achei-o tão lindo e tão rico que quero partilhá-lo convosco. Espero que gostem e que dê para reflectir um pouco sobre esta coisa engraçada, difícil e problemática chamada educação.


«Pode aprender-se muito sobre o que nos rodeia sem que ninguém no-lo ensine nem directa nem indirectamente (adquirimos desta maneira grande parte dos nossos conhecimentos mais funcionais), mas a contrapartida a chave para entrar no jardim simbólico dos significados temos de a pedir sempre aos nossos semelhantes. Daí o profundo erro actual de homologar a dialéctica educativa com o sistema com que se programa a informação dos computadores. Processar informação não é o mesmo que compreender significados.Nem muito menos é o mesmo que participar na transformação dos significados ou na criação de outros novos. Inclusive para processar informação humanamente útil faz falta ter recebido, prévia e basicamente, treino na compreensão de significados. O significado é aquilo que eu não posso inventar, adquirir ou sustentar isoladamente porque depende da mente dos outros. A verdadeira educação não só consiste em ensinar a pensar mas também em aprender a pensar sobre o que se pensa e este momento reflexivo - aquele que com maior nitidez assinala o nosso salto evolutivo em relação a outras espécies - exige constatar a nossa pertença a uma comunidade de criaturas pensantes. Tudo pode ser privado e inefável - sensações, pulsões, desejos... - excepto aquilo que nos torna participantes de um universo simbólico a que chamamos «humanidade».

(...) Assim, o primeiro objectivo da educação consiste em tomarmos consciência da realidade dos nossos semelhantes. Isto é: temos de aprender a ler as suas mentes, o que não equivale simplesmente à destreza estratégica de prever as suas reacções e adiantarmo-nos a elas para condicioná-las a nosso favor, mas antes implica atribuir-lhes estados mentais iguais aos nossos e inclusivamente deles dependendo a própria qualidade dos nossos. O que implica considerá-los sujeitos e não meros objectos; protagonistas da sua vida e não meros comparsas ocos da nossa.

(...) A realidade dos nossos semelhantes implica que todos somos protagonistas do mesmo conto: eles contam para nós, contam-nos coisas e ao ouvi-los ganha sentido o conto que nós próprios também vamos contando... Ninguém é pessoa solitária e isoladamente; é-se sempre pessoa entre pessoas: o sentido da vida humana não é um monólogo mas antes provém do intercâmbio de sentidos, da polifonia coral. Em primeiro lugar, a educação é a revelação dos outros, da condição humana como um concerto de cumplicidades inevitáveis.»

Fernando Savater, El Valor de Educar

terça-feira, 8 de julho de 2008

Apresento-vos... um conto

As duas bonecas

Conto de António Sérgio

Lá longe, na Índia, havia um rei que tinha uma filha. Ora, queria o rei que a sua filha casasse com um homem de muito juízo. "O noiva da minha filha" (dizia ela) "pode ser fidalgo, valente, bonito e rico -tudo isso será bom; mas mais que tudo, antes e acima de tudo, eu quero que o noivo da minha filha seja um homem de muito juízo, uma pessoa discreta e de muito bom senso."
Um dia, o rei mandou fazer duas bonecas muito bem feitas, do tamanho de pessoas crescidas. Era olhar para elas, e vê-las iguais -mesmo iguaizinhas. As caras das duas eram iguais; os corpos, iguais; os tamanhos, iguais; os vestidos, iguais; - tudo igual. Não se via diferença: mesmo iguaizinhas.
O rei, depois, mandou pôr as duas bonecas à porta do seu palácio. Um arauto avançou por ordem dele, e gritou assim, para que todos ouvissem:
- Olá! Oiçam todos o que eu vou dizer! Oiçam todos, e passem palavra do que vão ouvir! À porta do palácio estão duas bonecas. O homem (quem quer que ele seja) que for capaz de dizer certinho em que é que as bonecas não são iguais – esse casará com a nossa princesa, e virá um dia a ser rei!
A notícia correu de terra em terra, e por toda a parte se dizia o mesmo, – por todas as cidades, por todas as aldeias, por todos os campos. "Casará com a princesa, virá a ser rei, quem for capaz de descobrir em que é que as bonecas não são iguais."
E desde então, de dia e de noite, passava gente de todas as partes – pelas estradas, pelas veredas, pelos caminhos, uns nos seus carros, outros montados, muitos a pé, – para verem na porta as bonecas do rei. Eram monarcas, eram fidalgos, eram pastores, que todos se punham a ver e mirar. Viam em cima, viam em baixo, viam à frente, viam aos lados, viam atrás. Olhavam, fitavam, espreitavam, contemplavam, inspeccionavam, examinavam – e nada, nada, nada! Ninguém via diferença alguma. Eram iguais!
- Não sei. Não vejo diferença – diziam todos – parecem-me iguais.
E os cozinheiros, portanto, não tiveram de cozinhar o banquete para o dia do casamento da princesa. Por fim, apareceu uma manhã um homem alegre e muito novo – um jovem – de olhos brilhante e de gesto calmo, que parecia pensar as coisas bem pensadas, até adivinha, bem adivinhadas, as adivinhas que lhe propusessem. Ouvira falar do aviso do rei, e queria ver, também ele, as duas bonecas! Colocou-se pois adiante das duas, e esteve muito tempo a examiná-las. Não via, também, nenhuma diferença. Os olhos de uma eram iguais aos da outra; iguais as mãos, os braços, os pés, os vestidos. Tudo igual! Saiu o jovem de ao pé das bonecas. Passeou, pensando, de um lado para o outro. Franziu os sobrolhos. Cruzou as mãos por trás das costas. Fechou os olhos. Inclinou a cabeça ...
De repente, lembrou-lhe uma coisa. Foi ver as orelhas das duas bonecas. Viu também as suas bocas. Procurou depois qualquer coisa pelo chão, até que encontrou uma palhinha. Pegou na palhinha, e voltou para as bonecas. Então, meteu a palhinha por dentro do ouvido de uma delas. Foi empurrando, empurrando, empurrando, até que viu sair a outra ponta pela boca da boneca, ao meio dos lábios. Puxou então por essa ponta, e assim tirou a palhinha cá para fora. Foi depois à outra boneca - a da esquerda -, e meteu-lhe a palha para dentro do ouvido. Empurrou a palha, empurrou, olhando para os lábios dessa mesma boneca. Empurrou mais. Não saía. Empurrou tudo, até ao fim. A palha desapareceu. Tinha caído, certamente, para dentro do corpo. Não havia passagem do ouvido para a boca.
Então, chamou um criado, e disse-lhe assim:
- Faça favor de dizer a el-rei que lhe peço para lhe falar sobre as bonecas. Já dei com o segredo.
O rei mandou-o entrar. O jovem inclinou-se, cruzou as mãos sobre o peito.
- Pode falar - disse-lhe o rei.
- Meu senhor - começou o jovem - uma das bonecas é melhor que a outra, porque não atira pela boca fora tudo o que lhe entra pelos ouvidos; ao passo que a outra deixa sair pela boca, tudo que pelos ouvidos se lhe meter. Uma não repete, pois, tudo aquilo quanto ouve dizer; a outra é linguareira e indiscreta.
- Ora até que enfim! - declarou o rei - Trataremos de preparar a festa de noivado. Este jovem tem juízo, e há-de casar com minha filha!
E então é que foi trabalho, meus amigos, para os cozinheiros, os alfaiates, os criados, os mordomos, os oficiais, e toda a demais gente do real palácio!
E isso é que foi uma festa, a do casamento da filha do rei!



Os contos não são só para crianças... todos nós podemos aprender muito com eles. Li este conto num manual de Português do Ensino Básico e na altura gostei muito dele. Depois esqueci-o como se esquecem muitas das coisas importantes da nossa infância... Há pouco tempo fui ver se o descobria na net para partilhar convosco. Espero que tenham gostado!

terça-feira, 24 de junho de 2008

O dom da palavra_continuação

Como sabemos, é próprio do ser humano ouvir e contar histórias… não só porque há uma necessidade de comunicar mas também porque essas histórias trazem consigo um universo mágico e maravilhoso. Todas as culturas têm lendas que explicam a sua origem, que dão um carácter mais misterioso à fundação de uma cidade ou de um povo. Há quem diga que Ulisses terá fundado Lisboa quando aqui aportou… e esse mito, “o nada que é tudo” como sintetiza Fernando Pessoa, dá-nos um orgulho nacional, uma união enquanto povo.

De facto desde os tempos primórdios que a palavra se impôs ao Homem como algo mágico, como um poder misterioso, que tanto poderia proteger, como ameaçar, construir ou destruir.
E é a esta oralidade, a esta tradição que o Romantismo regressou: pela Europa, Walter Scott, Shakespeare, os irmãos Grimm, M. Stael, Lamartine; em Portugal, Almeida Garrett e Alexandre Herculano. Como diz Garrett: “O tom e o espírito verdadeiro português esse é forçoso estudá-lo no grande livro nacional, que é o povo e as suas tradições e as suas virtudes e os seus vícios, e as suas crenças e os seus erros. E por tudo isso é que a poesia nacional há-de ressuscitar verdadeira e legítima” (Romanceiro).

E muitas dessas histórias, dessas lendas, devido às suas características mágicas e fantásticas foram a pouco e pouco sendo relegadas para um universo infantil. Não estou de modo nenhum a reduzir a Literatura Tradicional para os contos, pois há um universo imenso de provérbios, adágios, cantigas, rezas, lendas, fábulas, etc., etc.. Mas agora quero apenas falar dos contos… contos que talvez tenhamos ouvido na nossa infância, contos que ainda hoje talvez alguns de nós ainda mantêm vivos (contando)…

Pensamos muitas vezes que os contos apenas servem as crianças ou talvez também os jovens mas acho que é e será sempre bom voltarmos àquelas histórias cheias de cor e sentido, que nos mostram valores humanos, que nos fazem sonhar um mundo melhor e que nos mostram a magia das palavras… Podemos encontrar nesses contos questões do dia-a-dia de todos nós, temas que dizem respeito a toda a gente, inclusive naquelas que ao princípio nos parecem que não têm nada a dizer, são histórias da carochinha, pensamos com certa ironia, mas afinal podemos encontrar na própria história da Carochinha problemas ecológicos e o chamado efeito da borboleta (cf. Falas da Terra, Ana Paula Guimarães).
Como li há pouco tempo num livro: “Um livro para crianças que é também para adultos. / Um livro para adultos que é também para crianças.”

Este assunto, bem sei, dá pano para mangas, e o post já vai bastante longo. Contudo, não quero deixar de realçar que apesar de nos encontrarmos numa sociedade que caminha a um ritmo alucinante e dá muito valor à imagem, a PALAVRA e o seu dom de “delectare” (deleitar), “docere” (ensinar) e de “mouere” (mover (algo em nós) / fazer agir) continua presente. Há filmes (e séries de ficção científica) que voltam aos grandes mistérios da Antiguidade onde há códigos secretos, livros perdidos, palavras no vento… e há livros (O Senhor dos Anéis, Narnia, Os Reinos do Norte, Eragon e Eldest, Harry Potter, História Interminável, … ) que voltam a esse mundo maravilhoso, onde a PALAVRA ainda é algo mágico, ainda têm o poder misterioso de criar / construir, de proteger, mas também de ameaçar e destruir. É uma espada de dois gumes.
E esses livros (e filmes) se conquistam crianças e jovens em todo o mundo, também não deixam de encantar os mais adultos.



Nestes últimos textos misturam-se várias coisas como hão-de ter notado, começámos a falar na Odisseia e acabámos no Harry Potter… no meio deles ficou a tradição e a modernidade, a oralidade e a escrita e a imagem… Há de facto um fio condutor no meio deste texto que mais parece um labirinto… mas longe de mim querer que se percam… o fio condutor é precisamente o dom da palavra.


Também não quero deixar de pedir desculpa aos visitantes habituais deste blog pela falta de novidades durante algum tempo. Espero que estes posts compensem a vossa vinda aqui e espero também continuar a escrever nele regularmente. Obrigada pela vossa visita e leitura.


E como quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto, quero acabar estes dois posts com um apelo: “Conta-me uma história…”

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Fios que se entrelaçam


Se fores puxando os fios soltos de uma manta de retalhos acabas por ter nas mãos longos fios coloridos; desenlaçados já não formam nenhuma manta. Decompõe um texto e vais encontrar parágrafos, frases, palavras, letras. Por outro lado, podes isolar os espaços, os tempos, as personagens, a moral da história, o mito inerente, … e com eles construíres um outro texto que pode já não ter nada a ver com aquele que leste.
O texto é construído como uma manta de retalhos, o texto é tecido, etimologicamente falando. É como se tivesses os fios nas tuas mãos e pouco a pouco eles fossem tomando uma forma. E as tuas mãos e o teu coração juntamente com o teu cérebro vão tecendo uma peça única, exemplar, que só tu podias ter tecido e mais ninguém.
Assim como a tua personalidade HOJE depende de muitas coisas (experiências, pessoas, lugares, livros, filmes, momentos,…); ela é fruto daquilo que viveste no passado e daquilo que vives no presente; um texto literário também remete para toda uma tradição literária de há vários séculos e milénios. O HOJE só é possível porque houve um PASSADO.
No fundo, o texto é uma teia complexa que remete sempre para outros textos, textos que foram, textos que serão. Tinha uma professora que costumava dizer que tínhamos que fazer perguntas ao texto, pois ele próprio tinha as respostas. E para fazermos a análise desse texto era preciso ouvir aquilo que ele tinha para nos dizer. Se ouvirmos bem, se lermos nas entrelinhas, se preenchermos os espaços em branco de que fala Umberto Eco é possível não só interpretá-lo mas até quem sabe, remeter-nos para outros textos, que já lemos (pois até parece que há ali pontos de ligação, pontos que se podem comparar) ou mesmo aqueles que nunca lemos e que se calhar é necessário para uma melhor compreensão do texto primeiro. No primeiro caso, lembro-me duma frase de Roland Barthes que não resisto a pô-la aqui: “Nunca vos aconteceu, ao ler um livro, interromper constantemente a vossa leitura, não por desinteresse, mas, pelo contrário, por afluxo de ideias, de excitações, de associações? Numa palavra, não vos aconteceu ter levantado a cabeça?” (Barthes, Roland. «Escrever a leitura» in O Rumor da Língua).
Mesmo que os textos não tenham tido influência directa, é inegável que voltamos sempre aos mesmos temas e motivos. Uma outra frase que eu adoro e que vou partilhar é esta: “… porque o Homem vive dos seus mitos onde se reencontra e se continua” (Trousson, Raymond. Temas e Mitos. Questões de Método). E durante milénios não se continua a falar de AMOR, de AMIZADE, de SAUDADE, de MORTE, de VINGANÇA, de ÓDIO? Não continuam hoje presentes mitos clássicos, na nossa literatura, na nossa pintura, no nosso teatro, mesmo na ciência??? Não continuamos a viajar com Guilgamesh e Ulisses? Não continuamos a ir buscar coisas a Platão e a Aristóteles? Não continuamos a usar expressões com origem clássica? Todos esses temas / mitos / motivos continuam vivos hoje porque continuam a fazer sentido. Há nesses mitos, nesses temas, qualquer coisa de humano, que faz parte da minha essência e da essência do outro, fazem sentido porque chegam ao fundo da minha alma. Fazem sentido porque são universais. É claro que em cada época e em cada lugar, as histórias vão-se adaptando às necessidades e cada pessoa as recria consoante aquilo que é, onde e quando vive. Lá está o provérbio: Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto!
Ouvimos contar histórias desde a barriga da mãe ou do berço; a vida humana faz-se em ouvir e contar histórias. Faz parte daquilo que somos, da nossa identidade humana. E somos então chamados a fazer falar os textos, para que eles não vivam num bloco isolado mas dialoguem com outros textos. Façam-se pontes, em vez de muros! E relacionemos os textos literários com textos do mesmo período, com textos antigos, com textos de outras áreas e mesmo, porque não? Relacionar a literatura com outras artes, como a pintura, a música, etc.
Continua a tecer, acrescenta tu mais um ponto na enorme manta de retalhos que é a tradição literária. Descose mesmo parte dela, vê de que matéria é feita e cose-a de diferente modo, faz outro tipo de relações, constrói algo novo. Conta-me uma história…